Meu primeiro ano levando as tirinhas a sério

Um ano de produção intensa, aprendizado e reconhecimento com as tirinhas. Eis um balanço do que foi esse ano em tiras para mim.


Este foi, sem dúvida, o ano das tirinhas para mim. Ao todo, produzi pouco mais de 90 trabalhos, entre tiras e cartuns, quase chegando à marca simbólica de 100.

Nunca tinha feito tanta coisa nesse formato, e sinto que, ao longo desse processo, aprendi um bocado sobre essa linguagem tão específica e fascinante da expressão quadrinística. Foi um ano de prática intensa, de tentativa e erro, de amadurecimento do traço, do ritmo e do olhar.

E essa dedicação acabou rendendo bons frutos. Tive o prazer de receber menção honrosa no 52º Salão Internacional de Humor de Piracicaba e também na 20ª edição do Salão de Humor de Caratinga. São dois salões muito importantes, e me sinto verdadeiramente honrado com esse reconhecimento em relação ao meu trabalho.

Cerimônia de abertura e premiação do 52º Salão Internacional de Humor de Piracicaba

Além das obras que receberam menção honrosa, tive diversos outros trabalhos selecionados nesses mesmos salões, de Piracicaba e de Caratinga, e também participei do 21º Salão de Humor de Limeira. Ver os trabalhos circulando, sendo selecionados e expostos ao lado de artistas que admiro é algo que reforça a sensação de que estou no caminho certo.

Participei também do 3º Salão de Arte no Papel, uma exposição realizada na minha cidade natal (e também minha atual residência) Itapecerica da Serra. Eu já havia participado do salão no ano anterior, mas neste ano ele cresceu bastante, passando a contar com artistas visuais e plásticos de todo o Brasil, além de Júri de Seleção e Premiação.

Diferente dos Salões de Humor, esse é um salão voltado às artes plásticas de forma mais ampla. Um detalhe curioso (e que me deixou especialmente feliz) é que, dentre todos os trabalhos selecionados, os meus foram os únicos que utilizavam a linguagem do humor gráfico, com tirinhas e cartuns. Mais uma honraria que guardo com carinho.

Outro momento bem bacana do ano foi a participação, novamente, em mais uma edição do Jornal Capiau, um caderno mensal de humor publicado no jornal A Tribuna Piracicabana, comandado pelo veterano dos traços bem-humorados Érico San Juan. O Capiau reúne trabalhos de cartunistas de várias partes do país e funciona quase como um “Salão de Humor Impresso”, como o próprio Érico costuma definir.

Enviei algumas obras para compor a página, como solicitado, mas o Érico gostou tanto do cartum “Aqui Jazz” (o das caveirinhas, como eu costumo chamar) que decidiu dedicar uma página inteira do Capiau a ele. Segundo ele, o trabalho ficou tão rico visualmente que merecia ser visto em tamanho maior. Mais uma honraria pra conta.

Página do Jornal Capiau

E, como se não bastasse, essa parceria rendeu outro convite: participei do podcast Capiau, programa que entrevista os cartunistas que colaboram com o jornal Capiau e que é exibido no canal da TV Metropolitana de Piracicaba. Foi minha primeira entrevista oficial como cartunista. No começo, bateu aquela ansiedade e um certo nervosismo, como é natural, mas o papo fluiu bem e foi uma troca muito proveitosa com o Érico.

Minha participação no Programa Capiau

Ao longo do ano, também passei a integrar o grupo e perfil da Ordem das HQs, um coletivo de quadrinistas, cartunistas e ilustradores que publicam suas tiras por meio de um perfil centralizado, em posts colaborativos.

A ideia é ampliar a divulgação, fortalecer a produção coletiva e dar mais alcance e visibilidade aos artistas envolvidos. Foi muito bom estar em contato com outras pessoas que estão na mesma lida, trocando experiências, angústias, aprendizados e pequenas vitórias do fazer artístico cotidiano.

E não parou por aí. Para fechar esse ciclo tão produtivo, fui convidado pelo colega de ofício Willier, autor da série de tirinhas GAG, para integrar uma nova iniciativa do Estúdio Armon: a revista Actirinhas, que reúne tiras e mini-histórias de diversos autores. Sempre gostei de revistas, e participar de uma publicação assim, ainda mais dedicada a uma linguagem que venho explorando com tanto afinco, é uma realização enorme.

Divulgação da Revista Actirinhas

Ufa. Até que foi bastante coisa. Confesso que não imaginava que minhas tiras me levariam tão longe em tão pouco tempo. É verdade que ainda não conquistei um grande público nas redes sociais, a ponto de me tornar conhecido também fora do meio artístico. De vez em quando, alguma tirinha acaba viralizando e alcançando bastante gente, mas a conversão ainda é pequena.

Cheguei a pensar estratégias para criar tiras com maior potencial de identificação com o público, e algumas até funcionaram em certa medida, mas nenhuma teve aquele impacto explosivo capaz de gerar um salto grande de alcance ou engajamento.

Ainda assim, ao olhar para trás e escrever tudo isso, fico genuinamente satisfeito. Este foi apenas o primeiro ano levando as tiras realmente a sério, e as conquistas mostram que estou construindo algo sólido, passo a passo. Sinto que estou em um bom caminho, e que outros caminhos ainda vão se abrir cada vez mais daqui pra frente.

Para o ano que vem, quero seguir produzindo minhas tiras, explorar novas possibilidades dentro dessa linguagem e continuar mantendo a regularidade, no mínimo uma tira por semana, com períodos mais férteis de três ou mais por semana.

Meus rabiscos aleatórios

Também quero dar o próximo passo: produzir material impresso. Acredito que já tenho conteúdo suficiente para um encadernado, e ter esse material em mãos abriria a possibilidade de participar de eventos e feiras de quadrinhos, artes e afins, não só para expor, mas principalmente para vender.

Ainda não sei exatamente como viabilizar isso. Não acho que tenha público suficiente para um financiamento coletivo, então provavelmente vou precisar buscar caminhos alternativos. Mas isso é assunto para pensar com calma mais adiante.

Outro plano para o próximo ano é investir no meu canal no YouTube. A ideia é criar um espaço para bate-papos, vídeos-ensaios, vlogs e o que mais fizer sentido. Venho adiando isso há um tempo, não por falta de vontade, já fiz vídeos antes, mas por dificuldade de encontrar um formato que me represente atualmente.

Já tenho um vídeo engatilhado, então espero que, finalmente, essa ideia saia do papel. Quero que o canal seja mais uma porta de entrada para as pessoas conhecerem meu trabalho e meu processo.

Gravação teste de vídeo para o Youtube com meu amigo Rodrigo

Por enquanto, é isso. Não quero me estender ainda mais. Sou imensamente grato por tudo o que aconteceu neste ano: pelas oportunidades, pelas pessoas que cruzaram meu caminho, por quem apoiou meu trabalho e também por mim mesmo, pela persistência em fazer as coisas acontecerem, mesmo aos poucos.

Boas festas e um ótimo fechamento de ano para todos nós.


Por enquanto é isso

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